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Mostrando postagens de janeiro, 2014

Chega de Saudades

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Vai, minha tristeza e diz à ela Que sem ela não pode ser Diz-lhe, numa prece, que ela regresse Porque eu não posso mais sofrer Chega de saudade, a realidade é que sem ela Não há paz, não há beleza É só tristeza e a melancolia Que não sai de mim, não sai de mim, não sai Mas, se ela voltar, se ela voltar Que coisa linda, que coisa louca Pois há menos peixinhos a nadar no mar Do que os beijinhos que eu darei na sua boca Dentro dos meus braços Os abraços hão de ser milhões de abraços Apertado assim, colado assim, calado assim Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim Não quero mais esse negócio de você viver assim Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim (Vinicius de Moraes)
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Ausência Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz. Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado. Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face. Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. Eu ficarei só como o...

Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho Não o grites de cima dos telhados Deixa em paz os passarinhos Deixa em paz a mim! Se me queres, enfim, tem de ser bem devagarinho, Amada, que a vida é breve, e o amor mais breve ainda... (Mario Quintana)
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Algumas fotos falam por si.
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Eu amo desorganizado, desenvergonhado. Tenho um amor que não é fácil de compreender porque é confuso. Não controlo, não planejo, não guardo para o mês seguinte. A confusão é quase uma solidão adicional. Uma solidão emprestada. Sou daquelas que pedirá desculpa por algo que o outro nem chegou a entender, que mandará nova carta para redimir uma mágoa inventada, que estará se cobrando antes de dizer. Basta alguém me odiar que me solidarizo ao ódio. Quisera resistir mais. Mas eu faço comigo a minha pior vingança. Amar demais é o mesmo que não amar. A sobra é o mesmo que a falta. Desejava encontrar no mundo um amor igual ao meu. Se não suporto o meu próprio amor, como exigir isso? Um dia li uma frase em Hegel: "nada de grande se faz sem paixão". Mas nada de pequeno se faz sem amor. A paixão testa, o amor prova. A paixão acelera, o amor retarda. A paixão repete o corpo, o amor cria o corpo. A paixão incrimina, o amor perdoa. A paixão convence, o amor dissuade. A paix...
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Meu maior medo é viver sozinho e não ter fé para receber um mundo diferente e não ter paz para se despedir. Meu maior medo é almoçar sozinho, jantar sozinho e me esforçar em me manter ocupado para não provocar compaixão dos garçons. Meu maior medo é ajudar as pessoas porque não sei me ajudar. Meu maior medo é desperdiçar espaço em uma cama de casal, sem acordar durante a chuva mais revolta, sem adormecer diante da chuva mais branda. Meu maior medo é a necessidade de ligar a tevê enquanto tomo banho. Meu maior medo é conversar com o rádio em engarrafamento. Meu maior medo é enfrentar um final de semana sozinho depois de ouvir os programas de meus colegas de trabalho. Meu maior medo é a segunda-feira e me calar para não parecer estranho e anti-social. Meu maior medo é escavar a noite para encontrar um par e voltar mais solteiro do que antes. Meu maior medo é não conseguir acabar uma cerveja sozinho. Meu maior medo é a indecisão ao escolher um presente para mim. Meu maior ...

Sem Ana, Blues.

Sem Ana, Blues (Caio Fernando Abreu) Quando Ana me deixou - essa frase ficou na minha cabeça, de dois jeitos - e depois que Ana me deixou. Sei que não é exatamente uma frase, só um começo de frase, mas foi o que ficou na minha cabeça. Eu pensava assim: quando Ana me deixou - e essa não-continuação era a única espécie de não continuação que vinha. Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência de Ana, embora eu pudesse preenchê-lo - esse espaço branco sem Ana - de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias, meu apartamento, minha cama, meus passeios, meus jantares, meus pensamentos, minhas trepadas e todas essas outras coisas que formam uma vida com ou sem alguém como Ana dentro dela. Quando Ana me deixou, eu fiquei muit...
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Alto lá! Não volte aqui não. Quem te fez fingir viver uma vida feliz? Ah! Eu sei, meras tolices nos fizeram sem querer, precisar de um juiz! Mas essas tuas chaves já não servem mais. Meu quarto e sala já tem um corretor,  e se você quiser, terá de alugar meu amor! Alto lá, não fale assim não! Nem no medo vão nos ver ter a vida feliz. Mas cansei, pois além disso, nossa estupidez não nos deixou ver quanto gris. Ah! Essas tuas frases já não ofendem mais. Meu quarto e sala já tem um fiador, e se você quiser, saiba que eu tenho já meu amor. Nem mais sei quem é você que está aqui de mudanças. Só vou lhe deixar aí, solidão e lembranças. Vê se vem buscar o que restou aqui de lembranças, pois já é hora de pôr recordações para fora.
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Eu nunca irei saber tão bem sobre essas coisas; sabe? Essas pequenas coisas. Nunca saberei ao certo, porque diabos nunca deu certo, ou tão pouco que passo em falso eu dei no meio dessa bagunça toda que fora as nossas vidas. Porque convenhamos, quanta bagunça! A única coisa que até então,  eu meio que sei... É sobre esses cigarros. Nem gosto deles, pra ser honesta,  mas brincar com essa fumaça,  esse cheiro de madeira velha que sobe sob as narinas, me remetem a ti. Só penso nessas coisas mesmo. No fato da nossa tolice, da nossa pequenez,  da falta de educação em nem nos comprimentarmos. Eu não me lembro de saber da existencia de conhecer e se esquecer de uma forma tão rude, como se nunca, de fato tenham se conhecido. Apagar cada toque como amnésia,  como se uma parte de mim nunca tenha estado dentro do seu ser. Eu não fico triste pelo fim. Fico triste pela hostilidade,  pela ciência de que agimos igual crianças. A decência de agradecer.