Urgencias

Me eletrocutavam dos pés aos últimos fios de cabelo.
Tinha gosto de curiosidade, de uva, de indústria, de álcool bem suave, mais suave do que a urgência da saudade sobre os fios dos lábios.
Eram mãos que amassavam a distância espinhas à fora. Que mergulhavam nas raízes do que havia sido deixado estar. Que resgatava. Que atravessava, mesclava, deixava pedaços sob a unha.
Eram dois corpos, confusos, tortos, esguios, desvairados, loucos, um pouco perturbados. Mas que eram um só criados pela saliva, pelos fios, pelos rios interiores. Dois corpos loucos um pelo outro, porém teimosos.
Eram duas almas se permitindo em meio ao tornado interior. Ao alvoroço sentimental.
Nada mais terno do que um beijo ceifando a poeira que a saudade causou.
Que dois lábios feito algodão bailando igual as borboletas pelo céu do estômago, das coxas.
Do que você partir com o gosto, cheiro, com a pele sob as unhas, com as raízes resgatadas. Com choques pelo corpo quando se pega lembrando. Com o tesão percorrendo as espinhas à fora por dias.
Nada pior e melhor do que eu não conseguir deixar de não sentir falta daquele gosto.

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