Sou assim.
Certa vez, eu estava de ida à Governador Valadares. Como de mania mesmo da minha parte, deixei meu caderninho de registros comigo na poltrona, o resto, no bagageiro...
Ter um caderno de registros para uma viagem de 19 horas a fio, é mais do que necessário para passar o tempo ocioso. Até porque não teria nada de divertido, além de ver as arvores voando pela janela do ônibus.
Outra mania, viajar de ônibus. Particularmente, voar não é comigo. Nada contra o céu, tudo contra as coisas que viram formigas lá de cima.
Numa dessas manias de redigir tudo que avistava pela frente, inesperadamente, minha caneta estourou.
Como? Não me pergunte como.
Minha blusa, minha calça, tudo se transformou num daqueles borrões do Wilson Braga. A moça ao meu lado, me ofereceu incontáveis guardanapos para limpar aquela meleca toda.
-Me dê a caneta para jogar fora. A lixeira é bem ali.
Eu não conseguia largar a caneta, embora ela já não pudesse mais me servir para nada, além de me proporcionar uma pequena caminhada até a lixeira.
- A caneta... Pra jogar no lixo... - A moça voltava a pedir a caneta.
O que aquela moça não sabia, era que aquela caneta eu havia ganhado.
E eu tenho disso com as minhas coisas, com os meus presentes. Não importava a blusa manchada, que provavelmente eu teria que usar só dentro de casa, num daqueles dias de faxina; O que me importava era a angústia de jogar aquele objeto na lixeira.
- Não precisa, na próxima parada eu arrumo um saquinho e ponho ela dentro. Obrigada.
Com certeza ela me achou maluca.
Se ela soubesse que eu guardo um pedaço de doce dentro de uma pasta, no guarda-roupa, com toda certeza ela pediria para se mudar de lugar.
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