Sou do Leste de Minas, mas minha alma é mesmo de quem é do interior de lá.
D'uma cidade pequena, onde não passa de 10 mil habitantes.
Todo mundo se conhece, se cumprimenta, se convida para um chá de finzinho de tarde.
Não tem carroças, como a maioria das pessoas acham que têm quando se ouve falar que se é de Minas. Tem queijo, queijo e broa e um cafézinho daqueles que cheiram da esquina.
O curioso de cidades assim, nem é o acolhimento, o abraço e o sorriso de quem sente saudade. São os carros anunciando a morte de algum prefeito querido, de algum morador, sendo ele conhecido ou não. Certa vez, estava eu em Capitão Andrade. Uma cidadezinha que fica cerca de duas horas de Governador Valadares, de no máximo mil habitantes. Essa sim, você poderia até decorar o nome de todo mundo que vivia lá. Uma probabilidade.
Quando estive por lá, aconteceu algo muito curioso. Os sinos da Igreja central não paravam de dobrar, cerca de 10 minutos ressoando sem parar. Estavam anunciando para a cidade que Dona Raimunda havia falecido. Não sabia de quem se tratava, mas quem morava ali, sabia!
Dona Raimunda foi assassinada. Os sinos incomodariam menos se ela tivesse tido um infarto e caído na cozinha.
Dona Raimunda é só mais uma, das dezenas de pessoas que morrem por homicidio, por negligencia.
Podia até ser um anúncio de que o assassino dela estava à solta pelo condado, que deveriam tomar cuidado, mas não, era só um anúncio para a comunidade que mais uma pessoa querida, havia partido. No interior é assim. Sentimento demais. Minas é assim, seio demais.
Os sinos deviam se dobrar até todo mundo alí não aguentar mais ouvir. Até todo mundo daquela pacata cidade, se levantar e ir numa delegacia próxima e relatar que um maluco estava à solta e que todos estavam em perigo.
Mas sabe o que todo munde prefere? Inclusive eu? Preferimos sair mais cedo dos bares para não correr o risco de ser assaltado à caminho de casa. Colocarmos o celular nas partes íntimas, olhar para um lado e para o outro, acuado. Trancar tudo, quase não respirar. Não nos levantamos de forma alguma para denunciar, somos reféns da nossa ignorância.
Aqui em Brasília devia ter um desses sinos de Capitão Andrade. Eu mesma iria lá e tocaria ele até não ter mais forças, acordar essa cidade. As eleições estão ai e o que eu mais ando sonhando todos os dias é com a segurança. Ir trabalhar sem ter previsão se voltarei para casa é uma tortura. Não tenho mais uma vida sadia.
D'uma cidade pequena, onde não passa de 10 mil habitantes.
Todo mundo se conhece, se cumprimenta, se convida para um chá de finzinho de tarde.
Não tem carroças, como a maioria das pessoas acham que têm quando se ouve falar que se é de Minas. Tem queijo, queijo e broa e um cafézinho daqueles que cheiram da esquina.
O curioso de cidades assim, nem é o acolhimento, o abraço e o sorriso de quem sente saudade. São os carros anunciando a morte de algum prefeito querido, de algum morador, sendo ele conhecido ou não. Certa vez, estava eu em Capitão Andrade. Uma cidadezinha que fica cerca de duas horas de Governador Valadares, de no máximo mil habitantes. Essa sim, você poderia até decorar o nome de todo mundo que vivia lá. Uma probabilidade.
Quando estive por lá, aconteceu algo muito curioso. Os sinos da Igreja central não paravam de dobrar, cerca de 10 minutos ressoando sem parar. Estavam anunciando para a cidade que Dona Raimunda havia falecido. Não sabia de quem se tratava, mas quem morava ali, sabia!
Dona Raimunda foi assassinada. Os sinos incomodariam menos se ela tivesse tido um infarto e caído na cozinha.
Dona Raimunda é só mais uma, das dezenas de pessoas que morrem por homicidio, por negligencia.
Podia até ser um anúncio de que o assassino dela estava à solta pelo condado, que deveriam tomar cuidado, mas não, era só um anúncio para a comunidade que mais uma pessoa querida, havia partido. No interior é assim. Sentimento demais. Minas é assim, seio demais.
Os sinos deviam se dobrar até todo mundo alí não aguentar mais ouvir. Até todo mundo daquela pacata cidade, se levantar e ir numa delegacia próxima e relatar que um maluco estava à solta e que todos estavam em perigo.
Mas sabe o que todo munde prefere? Inclusive eu? Preferimos sair mais cedo dos bares para não correr o risco de ser assaltado à caminho de casa. Colocarmos o celular nas partes íntimas, olhar para um lado e para o outro, acuado. Trancar tudo, quase não respirar. Não nos levantamos de forma alguma para denunciar, somos reféns da nossa ignorância.
Aqui em Brasília devia ter um desses sinos de Capitão Andrade. Eu mesma iria lá e tocaria ele até não ter mais forças, acordar essa cidade. As eleições estão ai e o que eu mais ando sonhando todos os dias é com a segurança. Ir trabalhar sem ter previsão se voltarei para casa é uma tortura. Não tenho mais uma vida sadia.
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