Sou assim /2


Guardo coisas que qualquer pessoa normal jogaria fora. 
De plásticos de bala até cupom fiscal de cinco anos atrás; do cinema, mercado, farmácia.
Me deparei ontem com um comprovante de um café da manhã em que haviam dois pãezinhos de queijo e um copo de café. Se esse cupom não for de horas antes do show do Transmissor, banda excelente de BH, eu não atendo
pelo meu nome.
Há inúmeros celulares perdidos dentro da gaveta de um criado mudo lá de casa. Um deles foi o primeiro que tive, outro ganhei de presente, fora uma bateria de um outro que não tenho mais, mas que guardo por me lembrar dele.
Junto panfleto, cartão de visita, cartão fidelidade, roupas que não me entram pela cabeça, quem dirá pelos braços.
Cartas de deputados, carta de amigos, cartões postais, flores que agora só tem o cabo.
Cato pedras da rua, enfio-as no bolso e saio andando...
Fios coloridos, tampas de garrafa...
Imprimo conversas online, revelo fotos e se já não me faz bem olhar, guardo, mas não jogo nada fora.
Em casa mal cabe eu.

Já tentei me desfazer de tanta tranqueira, mas quem disse que consigo? Sinto que estou me jogando fora, já que todas essas coisas que guardo, são partes de algo para mim.
Se tem uma coisa que eu detesto fazer é apagar coisas da memória. Julgo estar num descaso comigo mesmo.
Um dia eu me desfaço dessa tralha toda. 
Mas acredito que o maior problema em questão é que eu vivo cheia de saudade. 
Quem sente saudade é sempre uma Suíça.
Não sabe se joga fora ou se guarda.
 (Boteco de Sentimentos)

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