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Mostrando postagens de fevereiro, 2017
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Falamos iradamente, repetimos, feito um disco arranhado que para no meio de uma melodia, ou como um eco no meio da montanha. Martelamos, cinco ou seis vezes mais do que necessário para perfurar, amassou a madeira. Enchemos o recipiente de nós mesmos até não haver mais espaço, não consegui me movimentar. Reviramos o passado como um andarilho revida o lixo para comer. Expomos os nossos medos; Transbordamos o que já se foi. Desperdiçamos o agora. E então, de tanto ser de mais, não conseguimos ser muito do melhor que podíamos ser. Tivemos abundância no que julgamos faltar. Deixamos esvair o que possuíamos. Tivemos atenção na pressa. Quase nada no cuidado.  (Thaysminy Marques)

Amnésia

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Dois copos virados; um cigarro, por favor. Três copos, voz estridente. Quarto, banheiro. Quinto, pensamento se aleatória; outro cigarro, por favor. Sexto pra frente, a seiva te afoga dentro de mim. e se tiver um green, você evapora. (Thaysminy Marques)
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Quem não recorda o primeiro encontro, quantas horas ensaiou pra não vacilar no primeiro 'olá', a roupa que vestiu, o óculos embaçado pela respiração ofegante do primeiro beijo, sofre menos com a separação. Quem não coleciona fotos na nuvem, quem não revela fotos pro álbum ou para o porta-retrato, quem não guarda os áudios mais fofos, sofre menos com a separação. Quem não tem um gravador dentro da cabeça, sofre menos ao se lembrar do último beijo, dos últimos amassos. Quem não tenta recuperar o diálogo, o interesse, as piadas, sofre quase nada com a separação. Quem não traz as alegrias para as brigas, mesmo as minúsculas, para suavizar a raiva, Quem não desenvolvia dialetos, expressões, não dava apelidos carinhosos, não infantilizava e envelhecia o outro para recuar e avançar em todos os tempos da vida, sofre menos com a separação. Quem não tinha fé quando faltava compreensão sofre menos com a separação. Sofre mais quem se compromete a lembrar de tudo e escolhe q...