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Mostrando postagens de abril, 2014

Coisa tua.

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Meu bem, não é a minha espera que te incomoda, não são meus planos, não é a minha insistência. Não são meus desejos, as minhas palavras, as minhas propostas. Não é a minha voz, meus gritos, meus berros, minha falta de juízo, de paciência em esperar. Não são minhas mensagens que te sufocam, te reviram, te desdobram, te põe pelo avesso de si mesma. Não é meu olhar que te faz ficar perdida, não é a minha saliva, meu beijo, minha língua. Não é meu rosto, o meu abraço, o meu calor. Não são meus olhos tristes com os teus inúmeros "nãos, talvez, quem sabe". Meu bem, veja bem, não são meus dedos que se perdem vez e outra pelas tuas coxas que fazem com que tu pense em mim com desejo, tensão, tesão. Não são os meus sussurros, não são as palavras que eu nunca digo. Não é o meu mistério, ou o meu jeito de rodear o mundo pra te seduzir de mansinho, sossegado, cafajeste. Meu bem, é tu! Meu bem, é o teu medo! Meu bem, é a tua insegurança! É essa tua cabeça que pen...

Carta pra Maria

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Olha Maria, tempos não te escrevo, perdoe-me. Ando sem tempo até pra mim. Você se afastou de um jeito tão sutil que peco em não me irritar, achar térnuo o seu jeito de partir e me dilacerar por dentro. Veja esses olhos indo, indo, indo igual passos de formiga, pra longe de mim. Veja como são lindos, um cristal cheio de enigmas, ímãs natos da sedução pra mim. Esse sorriso que mais parece o sol indo, se pondo no ribeirão. Sorriso cortante, porém aonde existe o mar em que muitas vezes me afoguei. Como despedir dessa boca? Desse lábio sem chorar uma multidão?

Letícia Blues

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Depois daquela moça,  eu já não me conheço mais. Eu não gosto mais da cor vermelha,  eu não chego mais perto das janelas. Depois daquela moça, pavor é a palavra mais sã que eu posso usar pra dizer que eu prefiro estar o mais longe possível dos blocos de apartamentos. Ficar debaixo deles, ah, nem pensar! Depois dela,  escutar Lifehouse já não é mais visto,  eu perdi gosto,  não sei nem como eu consigo escrever corretamente o nome da banda.  Depois dela,  não consigo tomar sorvete de maracujá e goiaba.  Eu fico meio só, Não quero mais receber cartas. Depois dela,  pensar no ensino médio é doído, parece mais um buraco infinito, um vazio que nenhuma janela pode filtrar. Depois dela, não como mais frango, Não sinto mais gosto de nada.  É difícil até pra mim acreditar! Depois dela, as vielas ficaram mais estreitas, Eu não tenho mais apego pelos meus amigos, Tudo é mais livre ...

Mapa Mundi

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Eu quero cruzar o mapa do teu corpo. Visitar-te do lado certo e do avesso. Descobrir o que desconheço na pele tua. Degustar do suor, dos outros gostos teus. Eu quero vestir-te. Quero sentir-te Pelo paladar ,  a minha saliva com teu PH. Eu quero te visitar. Do sul das veias, do norte dos ossos, do leste da língua. Inteiro! Não ao meio ou pelas bordas. (Marquesando)

Urgencias

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Me eletrocutavam dos pés aos últimos fios de cabelo. Tinha gosto de curiosidade, de uva, de indústria, de álcool bem suave, mais suave do que a urgência da saudade sobre os fios dos lábios. Eram mãos que amassavam a distância espinhas à fora. Que mergulhavam nas raízes do que havia sido deixado estar. Que resgatava. Que atravessava, mesclava, deixava pedaços sob a unha. E ram dois corpos, confusos, tortos, esguios, desvairados, loucos, um pouco perturbados. Mas que eram um só criados pela saliva, pelos fios, pelos rios interiores. Dois corpos loucos um pelo outro, porém teimosos. Eram duas almas se permitindo em meio ao tornado interior. Ao alvoroço sentimental. Nada mais terno do que um beijo ceifando a poeira que a saudade causou. Que dois lábios feito algodão bailando igual as borboletas pelo céu do estômago, das coxas. Do que você partir com o gosto, cheiro, com a pele sob as unhas, com as raízes resgatadas. Com choques pelo corpo quando se pega lembrando. Co...

É só saudade.

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Martelei isso a manhã inteira. Como escrever pra alguém que jurei nunca mais pensar? Que resolvi deixar lá naquela minha caixa de coisas que nunca mais devem ser mexidas, embora guardadas? Porque eu tenho muito disso, de guardar as coisas, ao invés de jogá-las fora. Literalmente. Deve ser essa coisa da sangue mesmo, porque passei a minha vida inteira sem ver, sem saber. Então por quê da saudade? Vendo assim, parece até sem cabimento. E eu vou continuar cortando o meu cabelo, fumando os meus cigarros, saindo pra beber com os meus amigos. Vou continuar pertencendo ao mundo dos individualistas, como sempre fui, dos mesquinhos, como a senhora sempre diz que sou, dos mais egoístas que tu mesma já conheceu. Eu não vou enxugar as suas lágrimas quando outro cara vir e triturar o seu coração, como da última vez presenciei e fiquei de bico calado. Não vou mais me incomodar com a sua música alta e com o seu jeito explosivo em querer se mostrar para o mundo todo. Eu não vou mais vestir a...